Diretor Regional
No primeiro semestre de 2021, enfrentamos as consequências de uma nova onda da pandemia. As aprendizagens e as ferramentas de comunicação a distância, aperfeiçoadas em 2020, permitiram que pudéssemos dar continuidade aos nossos planos, embora a uma velocidade menor do que a prevista, em um contexto de lenta recuperação econômica em nossa região. No balanço geral, estamos satisfeitos com os resultados. Nosso gasto anual em 2021 cresceu 1,4% em relação ao ano anterior e começamos bem o primeiro ano do novo plano quinquenal 2021-2025, focado na transformação sustentável e inclusiva em setores econômicos e paisagens priorizadas de dez produtos essenciais nas economias da América do Sul.
A Fundação Solidaridad avançou não apenas no aperfeiçoamento de modelos de negócios de baixas emissões e sem desmatamento nos setores do café, cacau, soja e carne nos biomas Amazônia, Cerrado e Chaco, mas também conduziu com êxito sistemas de reconhecimento econômico por meio do pagamento a agricultores e agricultoras pelo sequestro de carbono em mercados voluntários. Em 2021, considerando todos os produtos com os quais trabalhamos, contribuímos para educar mais de 118 mil produtores, alcançar cerca de 889 mil hectares sob manejo sustentável e conservar cerca de 103 mil hectares de vegetação nativa nas fazendas dos agricultores.
Nossos parceiros privados e públicos observam com entusiasmo que é possível que as cadeias, do produtor até o consumidor, gerem valor com sustentabilidade. Dados precisos sobre as lacunas, práticas e desempenho informam nossos parceiros públicos e privados sobre os incentivos necessários para acelerar a mudança para economias mais verdes e inclusivas. As dez plataformas multiatores com as quais trabalhamos demonstram ser veículos eficazes para discutir com precisão a agenda das políticas necessárias para a mudança.
Convidamos vocês para a leitura do nosso relatório anual que apresenta as soluções do mercado não somente para expandir a agricultura climaticamente inteligente e a mineração responsável, mas também para fortalecer outros componentes essenciais para aumentar a sustentabilidade com inclusão, como serviços de assistência técnica, financiamento, abastecimento sustentável, colaboração setorial e elementos inovadores que atravessam toda a cadeia: a economia circular e a inclusão de mulheres e jovens. Reserve um tempo para rever nossas experiências nesses temas. Clique nos textos e nos vídeos de seu interesse e, se desejar mais informações, entre em contato conosco.
Boa leitura!
RESULTADOS CONSOLIDADOS 2016-2020
De 2016 a 2020, nosso plano estratégico teve como foco a adoção de boas práticas agrícolas, representadas na transformação de produtores, produtoras e hectares. Durante esse período, também fortalecemos nosso enfoque na agricultura de baixo carbono. Além disso, avançamos na transformação setorial com mecanismos, políticas e regulamentações aperfeiçoados, bem como nas empresas com as quais trabalhamos para a adoção de boas práticas. Apresentamos a seguir os resultados do nosso plano estratégico 2016-2020 que fornecem as bases para os próximos anos.
Resultados 2021
Produção Climaticamente Inteligente
No ano passado, concluímos com êxito o projeto Café do Futuro, uma iniciativa que visava ampliar a produção climaticamente inteligente com cafeicultores e cafeicultoras da Colômbia e do Peru.
- Depois de envolver 19.734 agricultores e agricultoras, podemos confirmar com orgulho que 14.822 deles estão adotando boas práticas, com 52.446 hectares sob gestão climaticamente inteligente. Isso representa um aumento de 53% em relação à linha de base.
- Em relação à viabilidade econômica da cultura, os produtores de café do projeto alcançaram um aumento de 10% na produtividade e de 70% na renda.
- No aspecto ambiental, os produtores estão capturando três vezes mais carbono em comparação com a linha de base ao mesmo tempo que reduzem suas emissões para 0,44 kg de CO2 por hectare.
- Desenvolvemos algoritmos que nos permitem analisar as mudanças no uso do solo em pequenas áreas. Como resultado, medimos uma redução da pressão do desmatamento sobre 5.213 hectares da Floresta Amazônica. Isso confirma que os modelos de produção testados não são apenas rentáveis, mas também melhoram a resiliência dos produtores às mudanças climáticas.
Devido às melhorias em nossas medições de carbono e nossos estudos anteriores, conseguimos incorporar parceiros-chave que estão dispostos a pagar pelos serviços ambientais que os pequenos produtores prestam.
A Fundação Solidaridad realizou um estudo revelador sobre o potencial de expansão da soja na região do MATOPIBA. Foi identificado que existem 6,6 milhões de hectares de áreas de pastagem com potencial agrícola, dos quais 4 milhões de hectares são pastagens degradadas. O estudo mostra que existe potencial para expansão do cultivo da soja em pastagens nos estados do Tocantins e Maranhão e que a maioria das áreas que não possuem mais cobertura vegetal original estão no Oeste da Bahia. Para apoiar o uso eficiente da terra e dos recursos naturais, a Solidaridad estabeleceu parcerias com a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ) e o Land Innovation Fund para apoiar a disseminação de práticas agrícolas de baixo carbono no MATOPIBA e influenciar os atores privados a replicar o modelo.
No Chaco Paraguaio, seguimos trabalhando com o Grupo CREA em um modelo de carne climaticamente inteligente para aumentar a rentabilidade dos produtores e produtoras. Com 18 fazendas-piloto, totalizando 198 mil hectares, as propriedades que adotaram boas práticas e recebem assistência técnica contínua mostraram uma correlação entre o aumento da produtividade e o aumento da matéria orgânica do solo (sequestro de carbono). Também, todas as fazendas-piloto do projeto cumprem o código florestal nacional vigente no Chaco (25% de reservas legais, mais cortinas e corredores) e estão conservando um total de 89 mil hectares de florestas em suas propriedades. Além disso, há uma média de 1 mil hectares de florestas que os produtores mantêm além do exigido por lei, o que equivale a cerca de 12 mil toneladas de CO2 eq de emissões evitadas pelo não desmatamento.
Em outubro de 2021, o programa Mobilizando Mercados foi concluído com o apoio da Agência Norueguesa de Cooperação para o Desenvolvimento (NORAD). Houve avanços na intensificação de 188 fazendas no Mato Grosso, atingindo 64.017 hectares sob manejo sustentável, 15.945 sob intensificação sustentável e 54.376 hectares de desmatamento evitado devido a essa intensificação.
O programa Amazônia no estado do Pará, Brasil, depois de seis anos de duração, foi concluído em dezembro de 2021. A área desmatada diminuiu 64%. Em relação às emissões de GEE, foi medida uma redução de 75% em comparação com as emissões em 2018. A produtividade do cacau e da pecuária, que havia aumentado até 2019, foi afetada pela pandemia e diminuiu. No entanto, a renda média familiar foi 27% maior do que a linha de base (mais informações sobre o dimensionamento dessa iniciativa na seção “abastecimento sustentável”).
Além disso, João Evangelista, um dos produtores do projeto, ganhou medalha de prata no concurso global Cacau de Excelência (Cocoa of Excellence), que reconheceu as 50 melhores amêndoas de cacau do mundo.
Assistência Técnica
Nossa estratégia para melhorar a eficácia da assistência técnica está bem refletida no programa Muda Cana. Nosso principal parceiro nessa iniciativa é a associação setorial Orplana, uma organização não governamental que reúne 32 grupos de produtores e produtoras. Juntos, identificamos que a prestação de assistência técnica rentável é fundamental para melhorar o desempenho econômico, social e ambiental das propriedades agrícolas. Esse é um serviço que não é prestado por nenhum outro ator na região e poderia ser melhor realizado por organizações de produtores.
Nos últimos três anos, o Muda Cana aprimorou o processo de incubação de modelos rentáveis de assistência técnica nas associações. O processo inclui o desenvolvimento de um sistema para avaliar grupos de produtores em relação aos padrões de referência para a prestação de serviços e apoiá-los na adoção de melhorias. O objetivo é aumentar a abrangência e a qualidade da assistência técnica para que os produtores melhorem seu desempenho. Com relação à variável custo, a melhoria dos serviços é desenvolvida organicamente dentro da associação, sendo coberta por sua estrutura financeira (geralmente baseada em uma taxa sobre o volume de cana produzido).
Por meio do Muda Cana, apoiamos 22 grupos de agricultores e agricultoras que prestaram serviços de assistência técnica melhorada a 6,9 mil agricultores durante o projeto (45% dos produtores de cana-de-açúcar no Brasil, o maior produtor de açúcar do mundo). Em 2021 chegamos a 4.176. Dessas associações, seis foram mais longe e adotaram modelos de melhoria contínua para avançar na sustentabilidade. Após seis meses, 30% dos produtores melhoraram a adoção de práticas, reforçando a eficácia do modelo.
A Fedepalma/Cenipalma adotou o Extension Solution para medir o Índice de Sustentabilidade em diferentes regiões da Colômbia. Cerca de 3 mil produtores e produtoras foram mapeados e avaliados com a utilização dessa ferramenta em 2021.
O modelo de assistência técnica desenvolvido para o cacau em unidades familiares na Amazônia brasileira mostrou-se financeiramente viável, por isso começou a ser transferido para a cooperativa local, a Coopercau. Para o processo de incubação, a organização Conexsus está apoiando a elaboração de um plano de negócios focado nas necessidades da cooperativa. O modelo consiste em visitas técnicas individuais, uso do Extension Solution para monitoramento dos impactos, criação coletiva de unidades demonstrativas e treinamentos coletivos.
Em 2021, foi concluída a primeira etapa do projeto Soluções de Suprimento Sustentável (3S) com a Cargill, que abrangeu 200 fazendas fornecedoras de soja na região oriental do Paraguai. Por meio do Extension Solution, verificou-se que 36.509 hectares estão cumprindo os requisitos do padrão 3S. A segunda etapa teve início no final do ano e integra elementos de agricultura regenerativa e cálculos de carbono. Na Bolívia, foi lançado o projeto Sustainable Soy Path. Em 2021, 89 produtores foram visitados para definir uma linha de base e elaborar um plano de ação utilizando o Extension Solution. Foi realizado o primeiro treinamento sobre as lacunas para o cumprimento legal.
Como parte da parceria com as empresas Cutrale, Eckes Granini, Innocent Drinks, Coca-Cola e a Fundação Coca-Cola, o projeto Fruto Resiliente entrou em seu segundo ano de implementação no Cinturão Citrícola Brasileiro. A estratégia de formação remota iniciada na pandemia atingiu 800 produtores e produtoras direta e indiretamente, e 61 pequenos produtores (2.318 hectares) receberam visitas de assistência técnica. Também foi firmado um acordo com o Centro de Citricultura do Instituto Agronômico para promover práticas baseadas no padrão FSA/SAI em suas fazendas experimentais.
O programa ELO realizado com a Raízen impactou cerca de 2 mil produtores e produtoras de cana-de-açúcar, o que corresponde a 100% da base de fornecedores da empresa. Setenta por cento dessa base é composta por pequenas e pequenos produtores. O programa conta com 20 técnicos em extensão rural que prestam apoio e assessoria com foco em questões de sustentabilidade, e os produtores recebem uma média de três visitas por ano.
A Fundação Solidaridad utilizou a ferramenta Extension Solution para a coleta de dados, análise e avaliação do desempenho de 66 produtores e produtoras que fornecem erva-mate à Leão Alimentos e Bebidas, do Grupo Coca-Cola, no sul do Brasil. Um painel interativo, que acompanha os indicadores de sustentabilidade do padrão SAGP da Coca-Cola, ajuda a gerenciar e monitorar os riscos e oportunidades na cadeia. As 78 propriedades avaliadas abrangem 1.272 hectares e produziram 820 toneladas de matéria-prima em 2021.
No Peru, o programa Palma Sostenible e Inclusiva, promovido pela Solidaridad, Alicorp e Nes Naturaleza, teve início em 2021, com foco na formação de cerca de 500 produtores e técnicos de cinco das principais extratoras e associações de óleo de palma do país. Essa iniciativa é a primeira experiência de responsabilidade compartilhada entre indústrias e produtores e visa fomentar a sustentabilidade na produção de óleo de palma, com ênfase nos pequenos produtores.
Na Colômbia, no âmbito do projeto Cacao+Sustenible, financiado pela SECO, a Solidaridad desenvolveu conteúdos educativos sobre temas como qualidade, nutrição e poda por meio da plataforma Agrolearning, Isso complementou a assistência técnica prestada pela Colcocoa a mais de 150 produtores e produtoras de Antioquia e permitiu aos participantes do programa Echar pa’lante (Seguir em frente) obter um bônus sobre o preço, em reconhecimento ao seu processo de melhoria.
Além disso, complementando o suporte dados aos produtores, estão sendo realizados avanços em um sistema de inclusão financeira, também apoiado por treinamento, que disponibiliza fontes de crédito para financiar suas atividades de cultivo do cacau.
Financiamento
O ano de 2021 foi marcado pela ampliação das parcerias existentes e pelo desenvolvimento de novas. A principal fonte de incentivos financeiros na região tem sido a plataforma ACORN do Rabobank, na qual registramos 2 mil produtores (39% dos agricultores envolvidos no Café do Futuro) que adotaram práticas climaticamente inteligentes e transformaram suas propriedades em sistemas agroflorestais.
Essa plataforma permite que os produtores de café com menos de 10 hectares recebam uma remuneração anual pela redução das emissões de gases de efeito estufa, derivadas das árvores que plantaram, contanto que mantenham suas florestas por pelo menos 20 anos.
Até agora, pequenas e pequenos produtores ainda não se beneficiaram do mercado de carbono, pois suas lavouras são muito pequenas e os custos da operação são muito altos. Os produtores cadastrados serão avaliados em 2022 para receber o primeiro pagamento por seus serviços ambientais. Os resultados dessa parceria representam 63% da nossa meta de agricultores com acesso a financiamento estabelecida para 2025.
Nessa parceria, a Fundação Solidaridad apoia os produtores com o registro na plataforma do Rabobank, coleta dados para calcular os estoques de carbono em suas lavouras e fornece suporte técnico para que possam continuar implementando práticas climaticamente inteligentes. O Rabobank é responsável pela verificação dos créditos e disponibiliza a plataforma ACORN, que dá aos produtores acesso a um mercado preferencial de carbono que compensa uma tonelada de CO2eq a uma taxa de aproximadamente 20 euros (de 5 a 10 euros a mais do que o mercado voluntário).
Essa renda adicional pode melhorar os meios de subsistência da comunidade e desencadear uma mudança de comportamento mais ampla em relação às práticas agrícolas e à conservação das florestas, pois esses sistemas ajudam os produtores a incorporar conceitos abstratos como o carbono.
Em parceria com a PlanetGOLD no Peru, foi iniciado um projeto-piloto com 8 grupos de mineração artesanal – no total mais de 45 mineradores e mineradoras – para habilitá-los ao financiamento formal. Nessa primeira fase, estão sendo apoiados na elaboração de relatórios financeiros e fiscais sobre suas reservas minerais e realizando formações sobre princípios básicos de educação financeira.
Na Colômbia, também foi iniciado um piloto com a empresa CI ESLOP. Está sendo desenvolvida uma ferramenta para preencher as lacunas de informação entre mineradores e instituições financeiras, e uma linha de educação financeira para familiarizar pequenos mineradores com produtos financeiros, visto que esse é um pré-requisito para a formalização. Até o momento, estão participando 60 pessoas, incluindo mineradores e funcionários de três mineradoras.
Em 2021, na Colômbia, continuamos a ampliar o uso do Agropréstamo como ferramenta para que os produtores tenham acesso a produtos financeiros. No setor da palma, foram cadastrados 517 pequenos produtores, dos quais 339 têm um limite de crédito para manutenção dos cultivos, com um valor médio de crédito de US$ 3.200 por produtor.
Colaboração setorial
Na Colômbia e no Peru, a Fundação Solidaridad, em parceria com a Tropical Forest Alliance, facilitou a assinatura de dois acordos setoriais que têm como objetivo reduzir o desmatamento associado à produção de café e cacau e, ao mesmo tempo, promover a sustentabilidade em nível nacional.
Esses acordos não captam apenas os compromissos existentes nos setores público e privado para reduzir as emissões de carbono, mas também identificam prioridades específicas para passar de “acordos” para “ações” nos próximos três anos. Este último é particularmente relevante tendo em vista a proposta da Comissão Europeia, publicada em novembro, sobre uma regulamentação para minimizar o risco de desmatamento e de degradação florestal em produtos que chegam ao mercado europeu. De fato, depois dos Estados Unidos, a Europa é o principal mercado de exportação do cacau peruano e o segundo mercado de exportação do café colombiano.
A Solidaridad assinou um convênio com a Direção Geral de Formalização da Mineração do Ministério de Energia e Minas (DGFM) do Peru para articular e apoiar a formulação, implementação, monitoramento e avaliação da nova Política Nacional e Multissetorial de Mineração Artesanal e de Pequena Escala. Isso apoiará o compromisso de trabalhar para a formalização da mineração. Também foi apoiada a formação de uma rede nacional de mulheres na MAPE para dar visibilidade às suas necessidades e permitir que participem da formulação da nova Política e seu marco regulatório.
A Fundação Solidaridad reuniu as organizações que atuam ao longo da rodovia Transamazônica no Brasil para melhorar a governança ambiental no contexto da agricultura familiar. A plataforma busca gerar sinergias e atender às lacunas prioritárias validadas pelos membros a partir de três eixos: regularização ambiental, mecanismos financeiros e cadeias de restauração. O primeiro produto do grupo em 2021 foi a elaboração do Guia de crédito público para o cacau, que será divulgado em toda a cadeia produtiva e aos agentes financeiros, com o objetivo de ampliar o acesso ao crédito.
Abastecimento Sustentável
Em 2021, trabalhamos com 23 empresas para identificar, experimentar e dar escala a diferentes soluções para que mais empresas busquem e reconheçam a produção sustentável. Dentre elas, nossa estratégia com a JBS, uma das maiores comercializadoras de carne do mundo, demonstrou como pode ser realizado um progresso exponencial.
Em 2021, conquistamos um marco importante, o Fundo JBS pela Amazônia apoiará 1,5 mil produtores de Pacajá, Anapu e Novo Repartimento na transformação de seus sistemas de produção, integrando a pecuária sustentável a outras culturas, como o cacau, para complementar a renda e reduzir o desmatamento na cadeia de abastecimento. Essa é a maior parceria com o setor privado na história da Solidaridad.
Nossa equipe no Brasil trabalha com a JBS há vários anos. A aproximação inicial com a empresa ocorreu no âmbito do nosso Programa Amazônia (ver matéria sobre restauração produtiva na Amazônia). Paralelamente, trabalhamos conjuntamente para promover a implementação de diretrizes de produção sustentável (GIPS) por seus fornecedores. Ao longo dos anos, investigamos com eles as compensações entre a produção pecuária e as emissões de carbono, assim como o impacto ambiental dos pequenos produtores de gado. Em 2019, publicamos o estudo “Os Pequenos Grandes: Desafios da pecuária de cria sustentável na Amazônia e o potencial dos Núcleos de Inovação e Aprendizagem (NIAs)” com a Universidade de Wageningen.
No Peru, estamos trabalhando em um modelo de convivência produtiva entre a mineração artesanal em processo de formalização e duas empresas mineradoras de médio porte. Com a Minera Orex, 113 mineradores foram integrados em 11 grupos, que agora extraem 15% do minério da mineradora com práticas seguras e responsáveis. Por outro lado, na SMRL Acumulación Los Rosales, nosso trabalho contribuiu diretamente para a assinatura de contratos de exploração entre a empresa mineradora e 30 grupos de mineração artesanal (mais de 150 mineradores e mineradoras artesanais), colaborando no processo de formalização e melhorando suas condições de trabalho.
A proposta de café climaticamente inteligente mostrou-se relevante para dois segmentos de mercado: o segmento de especialidades (RGC), que se concentra na qualidade e na rastreabilidade, e o segmento comercial (Ofi), que fornece volumes em escala. No Peru, 750 produtores de café que trabalham com a Ofi (antiga Olam) no projeto Café do Futuro colheram um total de 4.071 toneladas de café climaticamente inteligente, das quais a empresa adquiriu 1.639. A Ofi desenvolveu uma plataforma digital B2B para seus clientes, a AtSource (AS). Nessa plataforma, os clientes têm acesso a informações sobre práticas de produção e níveis de sustentabilidade relativas às commodities compradas da Ofi.
Inovação
Um marco importante para o setor de banana peruano foi alcançado em 2021 com a instalação bem-sucedida de uma usina de reciclagem (ECOBAN). A ECOBAN coleta e converte os sacos plásticos utilizados para cobrir os cachos de bananas em cantoneiras plásticas para paletes de exportação, retornando-os à cadeia de valor. A ECOBAM tem atualmente duas linhas de produção com capacidade para produzir mais de 270 mil cantoneiras de plástico por ano, mais de 30% da demanda atual da indústria da banana.
Com o apoio da Bayer, a Escola Móvel da Agrolearning para Mulheres e Jovens está fornecendo assistência técnica para um total de 500 participantes, na zona cafeeira central da Colômbia, para a adoção de práticas de agricultura climaticamente inteligente.
A integração das mulheres rurais no projeto garante que as práticas relacionadas à redução da pegada de carbono no ambiente doméstico e nas áreas de cultivo sejam aplicadas, reconhecidas e replicadas em suas famílias.
Soluções Digitais
Usar a tecnologia digital para aumentar a eficiência da assistência técnica, facilitar a aprendizagem e gerar inteligência de dados para apoiar a tomada de decisão nos diversos elos das cadeias produtivas é um componente essencial da estratégia da Fundação Solidaridad em transformar o setor na América do Sul.
O conjunto de soluções digitais e educativas que desenvolvemos – Farming Solution, Extension Solution e Agrolearning – nos permite disseminar boas práticas agrícolas e climaticamente inteligentes em escala e monitorar a adoção dessas práticas ao longo do tempo, enquanto apoiamos agricultoras e agricultores em sua jornada rumo a sistemas de produção mais sustentáveis e resilientes. Desde o lançamento de nossa suíte digital, um total de 14 mil produtores se beneficiaram do uso de nossas soluções para melhorar suas práticas de produção. No total, 370 assistentes técnicos no Brasil, Colômbia, Peru, Paraguai e Argentina tiveram seu trabalho facilitado pelo uso do Extension Solution, nosso aplicativo desenvolvido para otimizar a assistência técnica.
A capacidade de gerar insights a partir de um fluxo contínuo de dados provenientes de diferentes fontes está revolucionando a forma como a Solidaridad e seus parceiros trabalham com produtoras e produtores no campo. Os dados coletados através do Extension Solution, por exemplo, permitem que cooperativas e associações adaptem seus serviços em função das necessidades e prioridades dos agricultores de forma ágil e rápida, tornando seu modelo de prestação de serviços mais eficiente.
Continuamos a fortalecer e expandir nosso portfólio digital, seja integrando nossos aplicativos com ferramentas desenvolvidas por parceiros que compartilham nossa visão e abordagem, seja criando novas ferramentas. Em 2021, desenvolvemos um serviço de integração com a plataforma Cool Farm Tool, facilitando a coleta e processamento de dados para cálculo de balanço de carbono nas propriedades.
Em paralelo à implementação das ferramentas existentes, continuamos a explorar novas tecnologias e estratégias para apoiar a melhoria contínua no campo, com ênfase na inclusão de agricultores familiares. Em 2021, trabalhamos em parceria com The Decision Lab, uma empresa de pesquisa canadense especializada em ciência comportamental, para identificar os fatores que influenciam a mudança de comportamento de produtores de cacau e pecuária no Pará e testar diferentes abordagens de incentivo para apoiar a adoção de melhores práticas.