Em parceria com a Embrapa Florestas, a Fundação Solidaridad desenvolve o projeto “Análise de sensibilidade de sistemas de produção de erva-mate com ênfase para o balanço de carbono, produtividade e renda” para estimar o balanço de carbono de dois sistemas produtivos de erva-mate: adensado e a pleno sol. O estudo é inédito para a cultura da erva-mate. Iniciado em outubro deste ano, o projeto abrange propriedades rurais localizadas nos municípios de Cruz Machado e Bituruna, no Paraná. Todas elas são de pequeno ou médio porte e implantaram o erval há mais de dez anos.
O objetivo é projetar cenários e identificar quais variáveis agronômicas exercem maior influência na mitigação das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) com os sistemas estudados, contribuindo para a adaptação e aumento da resiliência climática dos sistemas produtivos mais usuais para o cultivo da erva-mate. Os estoques de carbono dos ervais avaliados também serão correlacionados às performances produtivas e de geração de renda por meio de uma análise de viabilidade econômica.
O Coordenador de Projetos da Solidaridad, Gabriel Dedini, destaca a importância do estudo em projetar a cultura como aliada da restauração.
Demonstrar o potencial agroclimático da erva-mate proporciona ao setor a possibilidade de desenvolver estratégias e ações para atrair investimentos e projetos. O estudo permite ilustrar a viabilidade de modelagens agronômicas climaticamente mais eficientes e rentáveis, com o intuito de preservar o futuro de uma das mais importantes cadeias da nossa sociobiodiversidade”, diz.
De acordo com os pesquisadores da Embrapa Florestas responsáveis pelo projeto, Josileia Zanatta e Marcos Rachwal, existe uma demanda do setor ervateiro por um maior entendimento sobre a relação da produção de erva-mate com a mitigação das emissões de GEE. Marcos explica que, por meio do estudo, será possível quantificar o balanço de carbono do cultivo de erva-mate e entender como esses sistemas de produção podem atuar no cenário de mudanças climáticas.
Cada sistema de produção tem características próprias que influenciam a emissão de Gases de Efeito Estufa e o sequestro de carbono. Assim, poderemos avaliar as fontes de emissão ou captura de carbono, considerando variáveis como a produção de biomassa; altura média das plantas de erva-mate; percentual de sombra; densidade de plantio; sistema de poda e destinação do resíduo; práticas de manejo do solo e utilização de insumos”, afirma Marcos.
PARANÁ NO TOPO
A erva-mate é o principal produto florestal não madeireiro da região Sul do Brasil. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado do Paraná, onde acontece o projeto, foi responsável em 2019 por praticamente 60% da produção de erva-mate do país. Do total de 939.580 toneladas, 559.408 foram produzidas no Estado.
Os sistemas com erva-mate também serão analisados financeiramente, com o objetivo de avaliar a viabilidade técnica e financeira de cada sistema de produção ao longo de 20 anos. Além de conhecer os principais indicadores financeiros, como o valor presente líquido, tempo de retorno do investimento e relação custo-benefício, o agricultor precisará organizar suas atividades de campo e planejar suas ações de manejo e a melhor forma de comercialização.
Segundo o pesquisador da Embrapa Florestas, Marcelo Arco Verde, após a realização das análises financeiras, os sistemas com erva-mate passarão por simulações de cenários. “Dessa forma, o agricultor verá o comportamento da erva-mate diante de variações nos custos de mão de obra e insumos, nos preços de venda e na produtividade e perdas nas podas de colheitas. Após analisar as várias opções apresentadas, ele poderá escolher como cultivar a erva-mate de acordo com seu perfil de trabalho”.
*Esta matéria é uma adaptação do texto originalmente publicado no site da Embrapa: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/66030541/estudo-inedito-traz-a-erva-mate-para-a-agenda-global-de-discussoes-sobre-o-clima