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Guia para um comércio de soja sustentável da América do Sul à China

Representantes do governo, indústria, instituições financeiras e academia se reuniram em Pequim para discutir diretrizes para cadeia sustentável de soja América do Sul – China

Ao lado de mais de 40 representantes do governo chinês, de instituições financeiras e da indústria, a Solidaridad participou no dia 1º de novembro, em Pequim, de debates para a criação de um guia que estabelece diretrizes para a consolidação de um comércio sustentável de soja dos países da América do Sul à China. As recomendações propostas contemplam temas como boas práticas agrícolas e comerciais, viabilidade econômica a longo prazo e responsabilidade social e ambiental.

Participaram da reunião representantes do governo chinês e da cadeia de fornecimento da soja

Desenvolvidas com o apoio do Ministério de Relações Exteriores da Holanda, da Agência Norueguesa de Cooperação para o Desenvolvimento (Norad) e da Fundação Moore,

as diretrizes são produto de um esforço plurianual, geradas a partir de relações com a indústria chinesa de soja, por meio de viagens de intercâmbio à Holanda, Argentina e Brasil, bem como pela facilitação de reuniões para chegar a diferentes ações”, comentou o Coordenador do programa global de soja da Solidaridad, Alex Ehrenhaus.

Seguindo um modelo de consultas individuais e adicionando os esforços de diferentes parceiros, o guia apresenta algumas prioridades: melhoria contínua e transparência da cadeia de soja, prevenção ao desmatamento, mudança no uso da terra e proteção da biodiversidade.

Durante a reunião, Hongyuan Song, Diretor do Centro de Pesquisa em Economia Rural, uma agência do Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais chinês, destacou os objetivos do órgão de melhorar a eficiência e a qualidade da produção, além de promover um consumo mais responsável.

A necessidade de avançar em direção a hábitos de consumo mais sustentáveis também foi apontada por Jianping Zhang, Diretor do Centro de Cooperação Internacional que faz parte do Ministério do Comércio da China. Zhang mencionou o papel da tecnologia, inovação e promoção da qualidade para aumentar a sustentabilidade e a transparência no comércio.

Christoffer Gronstad, Consultor Ambiental da Embaixada da Noruega na China, enfatizou o compromisso de seu país em proteger florestas em todo o mundo. Segundo ele, é necessário combater o desmatamento sem desestabilizar os meios de subsistência das comunidades que dependem do comércio de soja.

SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA

Denggao Liu, Agrônomo e ex-Presidente da Associação Chinesa da Indústria da Soja, declarou que o setor não pode continuar consumindo sem limites e deve assumir a responsabilidade por sua sustentabilidade. Algumas empresas já estão internalizando esta mensagem. Yunmei Li, gerente geral do departamento de estratégia do grupo Jiusan, comentou sobre o sistema de rastreabilidade que a empresa adotou para a produção doméstica de soja na China. O grupo divulgou seu primeiro relatório de Responsabilidade Social Empresarial em 2018.

Wei Peng, Líder de Sustentabilidade da COFCO International, uma empresa de processamento de alimentos de capital público, descreveu como a COFCO já está levando em conta questões de combate ao desmatamento e perda de território em suas operações e por que adota uma política de sustentabilidade sólida: reputação, mitigação de riscos e demandas dos acionistas.

Desde 2017, a COFCO International realiza, em parceria com a Solidaridad e a Cooperativa Colonias Unidos, o BestAgro. O projeto prevê a melhoria contínua das práticas agrícolas no Paraguai e foi finalista no primeiro concurso do Reconhecimento Verde do Pacto Global da ONU no país. Em dezembro, representantes participarão de reunião do Pacto Global no México. Lá, a COFCO apresentará o sistema digital desenvolvido para autoavaliar, orientar e monitorar o progresso dos produtores na adoção de boas práticas agrícolas.

A China é um dos principais importadores da soja brasileira e peça-chave para uma cadeia mais sustentável

BRASIL E CHINA

Em 2018, 74% das importações de soja da China vieram do Brasil. Durante a reunião em Pequim, representantes dos principais atores da cadeia, incluindo COFCO International, Unilever, Conselho de Exportação de Soja dos Estados Unidos e a Solidaridad Brasil, compartilharam algumas de suas impressões e melhores práticas.

O Brasil precisa continuar trabalhando para aumentar a eficiência no uso da terra e da água para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e manter sua biodiversidade», disse Joyce Brandão, Gerente de Programas na Solidaridad Brasil.

Rusong Li, Gerente de País da Solidaridad China, agradeceu a todos os participantes por sua contribuição e concluiu: “Esperamos continuar trabalhando com parceiros locais e internacionais para contribuir com a segurança alimentar da China e os esforços globais para reduzir o desmatamento causado pelo comércio de soja” .

CADEIA SEM DESMATAMENTO

Atualmente, a Solidaridad Brasil e a Solidaridad China trabalham na implementação do projeto «Mercados de soja e pecuária sem desmatamento”. O objetivo é engajar o setor privado chinês e estadunidense na adoção de políticas e práticas de oferta e demanda que reduzam a expansão agrícola na Amazônia e no Cerrado e promovam o uso de terras já degradadas. O projeto é financiado pela Norad, por meio da Iniciativa Internacional Norueguesa para o Clima e Florestas (NICFI).