Na região da Transamazônica, no Brasil, consolidamos um modelo de agricultura familiar de baixo carbono, focado na produção de cacau de alta qualidade em sistemas agroflorestais com outras espécies nativas. Esse modelo conseguiu reduzir em 34% o desmatamento no município de Novo Repartimento (PA) e aumentou a renda de pequenas e pequenos produtores em 56%.

De acordo com estudos que realizamos no Brasil, a melhoria da renda familiar com o cultivo do cacau permite que produtoras e produtores paguem pela assistência técnica que recebem. Isso viabiliza a transferência do nosso modelo de extensão para cooperativas locais. Nossa assistência técnica é baseada em quatro pilares: visitas técnicas individuais, formações em grupo, ferramentas digitais de suporte aos processos de melhoria contínua e unidades demonstrativas. Parte das formações tem como foco a educação financeira de produtoras e produtores, para que, a partir de um planejamento maior e visão de futuro, valorizem a floresta como ativo ambiental.  

Ampliar a produção e a demanda de cultivos que possam se desenvolver em harmonia com a conservação das florestas é fundamental na Amazônia e em outros biomas da região que apresentam altos índices de desmatamento. No Brasil, a Fundação Solidaridad participa de diversas iniciativas, como a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura e a Aliança pela Restauração na Amazônia. No Peru, a secretaria técnica da Tropical Forest Alliance facilitou o Acordo de Cacau, Florestas e Diversidade, que busca posicionar e fortalecer a diferenciação do país como um exportador de cacau de qualidade e com atributos de origem comprovados e sem desmatamento.

No Brasil, desenvolvemos a primeira operação de barter para incentivar a produção de cacau sob critérios sustentáveis no assentamento Tuerê. O modelo possibilita que produtores e produtoras tenham acesso a fertilizantes, que são escassos na região, a um preço acessível, em troca de parte de sua produção. A condição é que o cacau seja produzido sem desmatamento, sem trabalho infantil e em condições dignas de trabalho. Na Colômbia, pretendemos trabalhar com empresas dispostas a investir em assistência técnica e cobrir os custos de certificação dos produtores para melhorar a produtividade e a qualidade do cacau.