Francisco Cruz representou os produtores de cacau do projeto ‘Territórios Inclusivos e Sustentáveis na Amazônia’ no maior evento de chocolates do mundo na capital francesa
Pelo segundo ano consecutivo, um produtor familiar de cacau do projeto Territórios Inclusivos e Sustentáveis na Amazônia, promovido pela Solidaridad Brasil desde 2015 no Pará, teve a oportunidade de levar o chocolate produzido com as amêndoas do Tuerê ao Salon du Chocolat (Salão do Chocolate) de Paris.
Depois de José da Silva Rosa, o Zezinho, que esteve na França em 2018, este ano foi a vez de Francisco Cruz, produtor de cacau do assentamento Tuerê, em Novo Repartimento, no Pará. Ele nunca havia viajado de avião – nem dentro do Brasil – e atravessou o oceano pela primeira vez para participar do evento na capital francesa, entre os dias 30 de outubro e 4 de novembro.
“Primeiramente, agradeço à Solidaridad que me deu essa oportunidade. Quando me escolheram para representar os produtores do Tuerê, eu fiquei muito maravilhado”, disse Francisco. Com o apoio técnico da organização, ele produz cacau nas terras da família, focado no atendimento das demandas do mercado de chocolates finos.
O produtor foi um dos vencedores do concurso de chocolates finos do 6º Festival Internacional do Cacau em Belém e, por isso, foi convidado pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca do Estado do Pará a participar do Salão de Paris. Ele atribui a esse reconhecimento a motivação para seguir no trabalho de melhoramento das amêndoas. “Não só em relação à quantidade, mas quanto ao seu valor agregado. Depois de participar de um evento como este, a gente vê o mundo com outros olhos, a mente fica mais aberta. Muda algo para sempre”, comentou.
O projeto desenvolvido pela Solidaridad com os produtor@s de cacau do Tuerê contribui para a melhoria contínua da produção e na comercialização das amêndoas, como no caso da parceria com a Casa Lasevicius, que produz chocolates finos com a matéria-prima de dez produtores da região.
O Salão do Chocolate de Paris é o maior evento do mundo dedicado a chocolate e cacau. Como catalisador das tendências, o salão reúne 500 expositores de 60 países. Os maiores nomes em chocolate consideram o evento uma importante vitrine para produtores de cacau. E a participação de um dos produtores atendidos pelo projeto foi uma oportunidade para mostrar ao mercado a qualidade do cacau do Tuerê, cujo plantio ajuda a cobrir antigas áreas de pastagem. “Nós aproveitamos para falar da biodiversidade da Amazônia, da importância da preservação. Falamos que o plantio de cacau está crescendo sim, mas em áreas já abertas, que estão passando por reflorestamento”, afirmou Francisco.
Pelo estande do Brasil, onde os chocolates e amêndoas do Tuerê estavam expostos, passaram figuras importantes do setor, como o Alexandre Costa, fundador da Cacau Show. Ele conversou com Francisco, que falou sobre sua realidade de vida e produção no interior da Amazônia.
Para Pedro Santos, consultor da Solidaridad Brasil em Novo Repartimento, o fato de haver produtores de cacau do Tuerê por dois anos seguidos no Salão de Paris é resultado do trabalho desenvolvido pela organização. “Levamos ao produtor conhecimento técnico e a consciência da necessidade de produzir uma amêndoa de qualidade. Nós demonstramos que o nosso cacau tem potencial, e a presença deles no salão é um exemplo disso”.