A Solidaridad Brasil considera a igualdade de gênero um tema chave para o desenvolvimento sustentável nas cadeias produtivas em que atua. Dessa forma, no âmbito dos programas apoiados pela Iniciativa Internacional em Clima e Florestas da Noruega (NICFI), lança no encerramento do mês das mulheres uma cartilha com os desafios existentes e as recomendações para promover o empoderamento, a participação e a autonomia das mulheres rurais nos biomas Cerrado e Amazônia.. Para reforçar a importância do tema entre elas, podcasts estão sendo produzidos para serem veiculados em rádios parceiras e redes sociais.
A partir do diagnóstico obtido com a análise de dados secundários, entrevistas, oficinas e grupos focais, a Solidaridad Brasil identificou os desafios das mulheres em relação às unidades produtivas, ao território e ao setor na cadeia de soja no Oeste da Bahia e nas cadeias de cacau e pecuária na região da Transamazônica, no Pará. Entre as metas, está a de contribuir para a Agenda 2030 das Nações Unidas, especificamente com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5, que preconiza a igualdade de gênero.
De acordo com as estatísticas de gênero de 2015 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 25% das mulheres rurais são responsáveis, sozinhas, pelo sustento de suas famílias. Na agricultura familiar, a divisão por gênero do trabalho no campo não é justa: as mulheres acumulam, além do trabalho produtivo, 79,7 horas semanais de trabalhos domésticos e de cuidados, contra apenas 11,1 horas semanais dos homens. A situação enfrentada pelas agricultoras paraenses é de submissão em relação aos maridos e de extrema vulnerabilidade socioeconômica.
O cenário no Oeste da Bahia não é muito diferente. As mulheres são minoria na administração de empreendimentos rurais não familiares e, segundo dados do Censo Agropecuário de 2017, apenas 15% dos estabelecimentos são de propriedade feminina. Entre os desafios que impedem uma maior participação das mulheres na cadeia de soja estão: as barreiras físicas, os estereótipos sobre o “feminino” e o “masculino” e a ausência de políticas institucionais.