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Erva-Mate como agente de conservação da biodiversidade e de desenvolvimento econômico

Em nova publicação, Fundação Solidaridad compartilha resultados e aprendizados da iniciativa Territórios da Mata, responsável por promover a restauração produtiva em propriedades rurais do Rio Grande do Sul

A restauração ecológica por meio de Sistemas Agroflorestais (SAFs) com erva-mate, especialmente na Mata Atlântica da região Sul do Brasil, representa uma estratégia eficiente para integrar a conservação da biodiversidade com o desenvolvimento socioeconômico de comunidades rurais. Por meio do projeto Territórios da Mata, a Fundação Solidaridad criou condições para reintegrar a paisagem natural das regiões de Machadinho e Alto Uruguai Gaúcho, no Rio Grande do Sul, a partir do fortalecimento da cadeia produtiva da erva-mate e da adequação ambiental nas propriedades. Na publicação Restauração produtiva na Mata Atlântica: Resultados e impacto do projeto Territórios da Mata, são apresentados os principais resultados e aprendizados da experiência obtida durante a execução da iniciativa, entre 2022 e 2025.

A inserção da erva-mate em SAFs potencializa a recuperação dos ecossistemas nativos, promovendo o sequestro de carbono, a regulação hídrica e a conservação do solo. Além disso, fortalece a resiliência dos territórios ao diversificar fontes de renda, valorizar práticas tradicionais de manejo e fomentar a permanência das famílias no espaço rural. Quando manejado de forma integrada à paisagem, seu cultivo contribui para a conservação de remanescentes florestais e assegura a geração de proventos para as famílias.

O projeto foi de grande importância, pois se não fosse por ele, não plantaríamos novas áreas de erva-mate na propriedade. E esse novo plantio contribuiu para a agregação de renda. Já estamos indo para a segunda poda e, com o cuidado adequado, a cultura produzirá cada vez mais. Basta ter capricho e cuidar bem. A partir de agora, a atividade começará a dar lucro, ainda mais se fizermos a própria colheita e entregarmos na indústria”, comentam os produtores familiares beneficiários Chirlei da Silva e Dilso Luiz da Silva, que produzem erva-mate e soja na Linha de São Caetano, em Machadinho.

Chirlei e Dilso residem na Linha São Caetano, em Machadinho, e cultivam erva-mate e soja em sua propriedade. Foto: Fellipe Abreu/Fundação Solidaridad

Durante os três anos da iniciativa, foram restaurados 250 hectares, dos quais 130 correspondem à regularização de passivos ambientais e 120 à implantação de novos SAFs. No total, 70 famílias foram beneficiadas pelo projeto e juntas estiveram envolvidas no plantio de aproximadamente 300 mil novas mudas de essências florestais nativas, com destaque para a erva-mate, com cerca de 260 mil novas plantas integradas à paisagem. 

O Territórios da Mata nos mostrou que a restauração ambiental só ganha escala e consistência quando nasce da escuta e da articulação com quem vive no território. Foi a partir de parcerias locais sólidas que conseguimos conectar produção responsável, conservação e geração de renda. Ao mesmo tempo, aprendemos que investir na base da cadeia, com viveiros estruturados e mudas de qualidade, é tão estratégico quanto pensar no escoamento da produção”, ressalta o Gerente de Programas da Fundação Solidaridad, Gabriel Dedini.

O projeto trouxe lições valiosas para ações que buscam conciliar restauração ambiental e cadeias produtivas responsáveis. Um dos aprendizados mais relevantes foi a importância de construir um ambiente facilitador com parceiros locais. A atuação conjunta entre a Solidaridad, a Associação dos Produtores de Erva-mate de Machadinho (Apromate), a Indústria de Erva-Mate Cambona e a Ervateira Barão foi fundamental para o sucesso no campo. Essas organizações apoiaram todo o processo de mobilização, sensibilização e engajamento das famílias. Ademais, garantiram a compra de toda a produção de erva-mate originada nas áreas de intervenção, gerando credibilidade no território.

Que venham mais projetos assim para os pequenos produtores! É com esse tipo de iniciativa que vamos conseguir incentivar as famílias a permanecer no campo e garantir a sucessão familiar. Esses produtores terão uma renda anual, mensal e diária com a colheita da própria erva-mate e ajudando os vizinhos. Isso contribui para a permanência das novas gerações no campo”, destaca o Gerente da Indústria de Erva-Mate Cambona, Altair Ruffato.

Sistemas Agroflorestais com erva-mate contribuem para restaurar a Mata Atlântica e gerar renda para famílias rurais no Sul do Brasil. Foto: Fellipe Abreu/Fundação Solidaridad

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Gabriel Dedini

Gerente de Programas

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