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Cafeicultura regenerativa como aliada da agenda global de sustentabilidade

Em parceria com a Conecta Coffee e a Falcafé, Fundação Solidaridad lança seu primeiro estudo sobre o balanço de carbono para a cafeicultura de montanha no Sul de Minas Gerais
O Sul de Minas ocupa posição estratégica na cafeicultura brasileira, sendo uma das principais regiões produtoras do país, reconhecida pela qualidade do café e pela forte presença da agricultura familiar. Foto: Fundação Solidaridad

Em iniciativa inovadora que propõe contribuir para a sustentabilidade da cadeia cafeeira, a Fundação Solidaridad, a Conecta Coffee e a Falcafé se uniram para desenvolver uma base de dados climáticos, com foco na cafeicultura de pequena escala nas montanhas de Minas Gerais. O estudo Análise do balanço de carbono para cafeicultura de montanha no Sul de Minas Gerais foi realizado com cafeicultoras e cafeicultores que fazem parte do projeto Intentional Sourcing, da Tree House Foods, nos municípios de Andradas e Ouro Fino (MG).

A despeito do crescente debate sobre a cafeicultura eficiente do ponto de vista climático, ainda existem lacunas importantes no conhecimento sobre a dinâmica do balanço de carbono nas áreas de cultivo. Com base na análise de dados referentes a 256,5 hectares de lavouras distribuídas em 19 fazendas, o estudo apresenta estratégias práticas e eficazes que tornam a produção de café mais sustentável e resiliente, especialmente diante dos impactos das mudanças climáticas sobre a agricultura familiar.

Foto: Divulgação/Expocotrijal

A realização deste estudo representa um passo estratégico para fortalecer o compromisso do setor cafeeiro brasileiro com as agendas globais de sustentabilidade. Ao termos a oportunidade de trabalhá-las com o setor privado, quantificando emissões e remoções de carbono relacionadas às práticas de manejo, buscamos não apenas gerar dados e indicadores técnicos, mas fomentar, de maneira inclusiva, a troca de conhecimentos para a adoção de melhores práticas, reconhecendo o protagonismo dos agricultores e  fortalecendo os elos da cadeia”, afirmou o Gerente do Programa de Café da Fundação Solidaridad, Gabriel Dedini (foto ao lado).

De acordo com a pesquisa, os principais fatores que colaboraram para as emissões de gases de efeito estufa (GEE) foram o uso de fertilizantes sintéticos nitrogenados, a queima de madeira e a utilização de biomassa para a secagem dos grãos na pós-colheita, bem como o manejo de resíduos agrícolas sem tratamento, como a casca de café, restos de podas e folhas da desbrota. Já práticas como a presença de árvores – a exemplo das bananeiras e outras árvores de sombra – em muitas áreas de cultivo e o uso de culturas de cobertura para manejo das entrelinhas contribuíram para ampliar o efeito do sequestro de carbono, fazendo com que essas áreas funcionem como sumidouros de carbono atmosférico.

Foto: Divulgação/Conecta Coffee

A Especialista em Cafés da Conecta Coffee, Andreza Mazarão (na foto ao lado), reforça a importância de estudos como este para uma caminhada mais sustentável do setor:

Poder fazer parte do primeiro estudo sobre o impacto do carbono na cafeicultura de montanha brasileira foi um imenso aprendizado. Esperamos que este seja somente o início de uma jornada inspiradora para as melhores práticas de produção, alinhadas aos principais pilares de sustentabilidade e produção. Somente assim poderemos ter um futuro perene na cafeicultura, com o objetivo de manter as próximas gerações na produção de café”, ressaltou ela.

Outro ponto destacado no estudo foi a relevância da assistência técnica. O acompanhamento contínuo é considerado fundamental para a execução de estratégias que conduzam, ao lado do produtor, às melhores práticas de cultivo para se obter uma produção economicamente viável, mais sustentável e climaticamente mais eficiente. 

O cultivo de café pode ser um grande aliado no sequestro de carbono das fazendas. Foto: Fundação Solidaridad

As práticas de agricultura regenerativa não só auxiliam na redução das emissões, como também podem ser grandes aliadas na manutenção da produtividade e da renda nas propriedades rurais. Além disso, propiciam sistemas de produção mais resilientes para o enfrentamento dos fenômenos climáticos extremos. A parceria entre as organizações realizadoras do estudo reforça o compromisso com a sustentabilidade da cadeia, destacou o Gerente Comercial da Falcafé, José Claudio Almagro (foto abaixo).

Foto: Divulgação/Falcafé

Os resultados apresentados reforçam a relevância de práticas agrícolas regenerativas e a necessidade de mensuração contínua de impactos ambientais. O estudo nos permite identificar oportunidades de melhoria e ampliar ações estratégicas que beneficiem produtores, comunidades e o meio ambiente”, disse.

Confira o estudo na íntegra aqui.

Gabriel Dedini

Gerente de Programas de Café e Erva-mate

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