Durante evento de comemoração dos dez anos da Solidaridad no Brasil, o presidente da Abag, Marcello Brito, comentou sobre os desafios da agricultura brasileira nos próximos anos
Parceiro da Solidaridad Brasil desde os primeiros anos, o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito, que também é diretor executivo da Agropalma, foi convidado a discursar sobre os desafios e tendências de sustentabilidade na agricultura brasileira no evento que celebrou os dez anos da Solidaridad Brasil, no dia 3 de outubro, em São Paulo. Em sua fala, Brito enfatizou a importância de o país manter seu lugar como potência agroambiental no mundo.
O presidente da Abag iniciou a palestra fazendo um resgate histórico do crescimento da agricultura no país. “Em 50 anos o Brasil ‘abriu’ 50 milhões de hectares para a agricultura e transformou a vida desse país. Além de abastecer todo o mercado doméstico de comida, o Brasil contribui hoje, diariamente, alimentando cerca de 1,2 bilhão de pessoas no mundo”, afirmou. “Há 50 anos, as tecnologias disponíveis não nos mostravam como poderia ser um desenvolvimento sustentável e de que forma nós poderíamos atingir isso”, advertiu ele sobre os incentivos públicos para a ocupação desregulada e pouco planejada da região da Amazônia décadas atrás.
Para o presidente da Abag, tal ação foi uma das responsáveis por transformar a Amazônia em uma das regiões mais desiguais do país.
O modelo de desenvolvimento da Amazônia nos último 30 anos é de exclusão e gerou muita riqueza para poucos e nada ou muito pouco para muitos. Daí a explicação de termos a área mais rica do mundo, o maior patrimônio brasileiro, em uma situação de penúria”, destacou.
Brito analisou ainda as consequências do desgaste da imagem do Brasil no mundo frente a repercussão internacional das queimadas ilegais na Amazônia. “A partir da ECO 92, o Brasil construiu um desenvolvimento sustentável, e nós assumimos esse protagonismo. Hoje, só no mês de agosto, identificamos mais de 220 milhões de citações negativas sobre o Brasil”, disse o presidente da Abag. Para ele, o problema ambiental brasileiro se traduz em desenvolvimento econômico. “Nós levaremos dez ou 15 anos para reconstruir o que nós destruímos nos últimos tempos. Mas nós vamos reconstruir, porque o setor privado e as organizações sociais e ambientais estão trabalhando juntas. Política ambiental é, sim, desenvolvimento para o país”, enfatizou.
Inclusão tecnológica
Elemento-chave do desenvolvimento inclusivo e sustentável, a inclusão tecnológica também foi apontada por Brito como um dos desafios do setor para os próximos tempos. “Agora nós temos aplicada a mais alta tecnologia que o agronegócio pode promover, e mais uma vez a gente gera um processo de exclusão, porque os grandes produtores têm acesso imediato às tecnologias, as grandes cooperativas têm acesso, mas os pequenos produtores não”, disse.
Ele ainda afirmou que cabe ao setor privado e ao governo acelerar os processos de cooperativismo entre os pequenos produtores como forma de combater a falta de acesso às tecnologias: “Precisamos transformar o desenvolvimento em um processo inclusivo, de geração de renda e diminuição das diferenças econômicas e sociais”.
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