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Pastejo rotacionado: incremento de renda para a agricultura familiar na Amazônia

Por meio do programa Amazônia Connect, pecuaristas como Alaion Costa e Cleuto Prates intensificam a produção de gado com o pastejo rotacionado em suas fazendas no Pará
Após adotar o rotacionado, o pecuarista Alaion Costa quadruplicou a taxa de lotação por hectare em seu pasto. Foto: Fundo JBS Pela Amazônia/Celio Cavalcante Filho

Após cinco anos da abertura das primeiras pastagens na propriedade, a criação de gado da família de Alaion Costa, de 31 anos, no assentamento Tuerê, em Novo Repartimento (PA), parou de dar retorno financeiro. Assim como os seis irmãos, Alaion se viu na obrigação de fazer dupla jornada de trabalho, trabalhando também para terceiros. No entanto, o pecuarista encontrou uma saída possível com a intensificação da pastagem.

O pastejo rotacionado foi implementado numa área de seis hectares, o que resultou na duplicação do índice de ganho de peso dos animais, que hoje chega a até 600 gramas por dia. Em relação à taxa de lotação por hectare, passou de duas Unidades Animais (UAs) para oito, sendo que uma UA representa um animal de 450 kg. A nova forma de manejo resultou não apenas numa melhor rentabilidade, mas também em praticidade. “Quando você vai caminhando para outro piquete, eles [bois e vacas] vão atrás. Parece até que têm consciência de que vão para um pasto melhor”, conta Alaion.

Hoje, sua família consegue ter uma jornada única de trabalho e ainda contratar trabalhadores para ajudar nos afazeres. Para além do incremento de renda, Alaion destaca também o manejo intensivo do pasto como uma prática aliada à sustentabilidade.

Com o uso da técnica, a gente pode preservar as áreas que tem e criar mais nas áreas que já estão abertas. Isso favorece significativamente a redução do desmatamento e contribui para a questão climática”, diz.

Com duas propriedades de gado, Cleuto vê a intensificação do manejo como uma alternativa para manter a floresta em pé. Foto: Renata Ferraz/Fundação Solidaridad

“O rotacionado foi importante para a melhoria do manejo. Com a facilidade de mexer com os animais, também aumentamos o ganho na produção”, comentou Cleuto Prates. Com a implantação do pastejo rotacionado há dois anos em sete hectares da propriedade, Cleuto atingiu uma receita anual de R$ 14 mil, ou seja, R$ 2 mil por hectare. Com os resultados positivos, o plano do pecuarista é implantar o rotacionado em sua segunda fazenda, também no Tuerê.

Participantes do programa Amazônia Connect, Alaion e Cleuto mudaram a forma de manejo do pasto e observaram seus benefícios econômicos e ambientais. Para o Gerente do Programa Amazônia da Fundação Solidaridad, Paulo Lima, a iniciativa proporciona soluções inovadoras e tecnológicas para produtoras rurais e o meio ambiente.

A pecuária é a atividade que, tradicionalmente, vem sendo desenvolvida de forma extensiva, com baixa adoção tecnológica. Ou seja, uma pecuária de baixa produtividade. Como principal resultado do nosso primeiro ano do Amazônia Connect, conseguimos conscientizar sobre outros métodos para a reforma de pastagem, substituindo o uso do fogo. Outro resultado interessante é a implantação de 180 hectares de sistemas de pastejo rotacionado. Tudo isso repercute no incremento de produtividade e, consequentemente, na renda das famílias”, afirma.

Com novas técnicas, os produtores rurais deixam de desmatar e garantem um aumento na produtividade e na renda. Foto: Fundo JBS Pela Amazônia/Celio Cavalcante Filho

Força da pecuária

Um dos maiores assentamentos rurais da América Latina, o Tuerê enfrenta desafios como o prolongamento da estação seca, em função do quadro de mudanças climáticas, a má conservação do solo e o desaparecimento da vegetação nativa. A expansão da pecuária extensiva na Transamazônica paraense, cujo rebanho bovino é um dos maiores do Brasil, contribuiu para a abertura de novas áreas e, consequentemente, a degradação da floresta amazônica. Nesse contexto, o programa Amazônia Connect – Rumo à produção agropecuária de baixo carbono e conservação da biodiversidade no bioma amazônico incentiva a adoção de boas práticas a pecuaristas na região.

A pecuária na Amazônia exerce protagonismo no meio rural, uma vez que quase um terço do rebanho bovino brasileiro se encontra na região. Somente entre 2003 e 2013, houve um incremento de 200% de cabeças de gado no bioma. Dados do Censo agropecuário 2017, produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que só o Pará tem o quinto maior rebanho bovino do país, com quase 16 milhões de cabeças de gado. Somente em Novo Repartimento, há 1,6 milhão de animais, o que faz do rebanho do município o segundo maior do Pará.

Sobre o Amazônia Connect

O Amazônia Connect é uma iniciativa da USAID, Solidaridad, Earth Innovation Institute, National Wildlife Federation e Universidade de Wisconsin-Madison. Em colaboração com o Programa Ambiental Regional para a Amazônia da USAID, produtores e produtoras rurais, empresas, governos locais e instituições financeiras, o Amazônia Connect promoverá e ampliará a adoção da agricultura de baixo carbono e a produção sustentável de commodities no Brasil, Colômbia e Peru.

Este artigo foi produzido graças à contribuição generosa do povo dos Estados Unidos da América por meio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). O conteúdo deste artigo é de responsabilidade dos autores e não reflete necessariamente as opiniões ou posicionamentos da USAID ou do governo dos EUA.

PARCEIROS:

Paulo Lima

Gerente do Programa Amazônia

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