Para debater o cenário, desafios e perspectivas do setor na região, a capital do Pará, Belém, sediou no dia 28 de setembro o «Fórum do Cacau – Sustentabilidade e Progresso da Cacauicultura na Amazônia». Com painéis sobre a cacauicultura no Brasil e no mundo, produção de cacau fino, sustentabilidade da cultura do cacau e avanços tecnológicos, o Fórum integrou a programação da 5ª edição do Festival Internacional do Chocolate e Cacau da Amazônia, o maior encontro do setor cacaueiro da região.
Em seis anos, o Pará dobrou sua produção de cacau, chegando a 117 mil toneladas na última safra. Segundo a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), órgão de pesquisa vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) responsável por promover o desenvolvimento das regiões produtoras de cacau, a produtividade média no Pará é de 911 quilos por hectare e a produção deve crescer entre 7% e 9% por ano até 2030.
Para debater o cenário, desafios e perspectivas do setor na região, a capital do Pará, Belém, sediou no dia 28 de setembro o «Fórum do Cacau – Sustentabilidade e Progresso da Cacauicultura na Amazônia». Com painéis sobre a cacauicultura no Brasil e no mundo, produção de cacau fino, sustentabilidade da cultura do cacau e avanços tecnológicos, o Fórum integrou a programação da 5ª edição do Festival Internacional do Chocolate e Cacau da Amazônia, o maior encontro do setor cacaueiro da região.
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O primeiro painel do dia apresentou a evolução da cacauicultura com destaque para o histórico do desenvolvimento dessa cultura no Pará. Na apresentação, Fernando Mendes, chefe do Serviço de Pesquisa da CEPLAC no estado, e uma das principais referências sobre o tema no país, explicou que o primeiro programa do governo para promover a tecnologia nas lavouras de cacau na Amazônia foi iniciado em 1971 e ampliado em 1975, com o sonho de tornar o Pará o maior produtor da commodity no Brasil. Desde então, foram feitos investimentos em pesquisa e desenvolvimento para agregar valor à produção, promover a diversificação agropecuária, fortalecer a agricultura familiar e estimular o acesso ao crédito rural, dentre outros.
A última atualização do plano, referente ao período de 2012-2022, projetou a meta de aumentar a produção da cacauicultura de base familiar e sustentável a 233 mil toneladas ao ano até 2022. Em 2011, quando o plano foi desenhado, a produção era de 65 mil toneladas ao ano.
«Hoje, contamos com 23 mil produtores e uma área plantada de 185 mil hectares. Fecharemos 2018 com 133 mil toneladas produzidas. Se fosse um país, o Pará seria o 8º maior produtor de cacau do mundo», explicou.
Ao final do painel, Mendes citou o chocolate «Tuerê», fabricado pela chocolateria Casa Lasevicius, de São Paulo, com amêndoas do produtor José Silva Rosa, o Zezinho, proprietário do Sítio Três Irmãos e o primeiro a desenvolver as técnicas de fermentação e armazenamento de cacau estimuladas pelo projeto «Territórios Inclusivos Sustentáveis», da Solidaridad Brasil. Ao apresentar o chocolate para o público do Fórum, o pesquisador pediu que o produtor se levantasse para receber aplausos da plateia. «Vou provar o chocolate dele com muita honra, pois está no rótulo o nome dele e família. A agricultura do cacau é familiar e está aqui uma prova», completou.
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Papel da indústria
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Outro destaque da programação foi o painel «Processamento de Cacau na Amazônia: Possibilidades e Perspectivas», com Eduardo Bastos, diretor executivo da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), e Ubiracy Fonseca, vice-presidente de Chocolate da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Balas e Amendoim (ABICAB).
Primeiro a se apresentar, Bastos revelou que a AIPC compra 97% de todo o cacau e derivados produzidos no Brasil. E que compraria mais, pois a indústria processa mais cacau do que o país produz. Em 2017, o processamento foi de 220 mil toneladas, frente as cerca de 162 mil toneladas produzidas, portanto foram importadas mais de 100 mil toneladas. «A gente não supre nem para atender a demanda interna, então temos o desafio de dobrar a produção em 10 anos, crescendo em quantidade e qualidade”, ressaltou.
Bastos observou também que a cadeia do cacau movimentou 24 bilhões de reais no Brasil em 2017, mas que o país saiu da lista dos maiores produtores da amêndoa. Com 4% da produção mundial, está em 7º lugar, atrás de Costa do Marfim (43,1%), Gana (19,4%), Indonésia (6%), Equador (5,8%), Nigéria (5,2%) e Camarões (5,2%).
«O crescimento da produção no Pará ajudou a manter o Brasil no radar, mas o desafio é voltar a ser relevante como já fomos no passado, quando a produção era de 400 mil toneladas por ano», declarou.
O diretor afirmou que a meta só será cumprida se os centros de pesquisa, indústria, governos, terceiro setor e produtores se unirem para conhecerem os problemas da cacauicultura e desenvolverem soluções integradas. E destacou ainda que o cacau deve ser um produto transformador – com o papel de reduzir o desmatamento e promover o reflorestamento.
«Existe hoje no mundo muitos recursos disponíveis para a promoção da sustentabilidade, mas que muitas vezes não chegam no campo por falta de bons projetos, que são aqueles capazes de colocar todos os atores da cadeia juntos. A grande verdade é que a gente não se falava, ou não se falava de maneira construtiva. Por isso que acabamos de desenvolver em parceria com a Solidaridad um projeto que busca captar R$ 40 milhões do Fundo Amazônia para investir na região. Investir em assistência técnica, pesquisa e contratação de pessoas para o campo, unindo CEPLAC e governos federal, estadual e municipais. Todo mundo junto. E nós da indústria vamos investir R$ 4 milhões».
Já na segunda parte do painel, Ubiracy Fonseca, da ABICAB, falou sobre o mercado de chocolate no Brasil e explicou que mesmo não sendo um produto de primeira necessidade, o que faz que o setor sofra nos momentos de crise econômica, o chocolate é muito consumido no país.
O mercado brasileiro ocupa o quinto lugar no ranking global de chocolate com um consumo per capita anual de 2,5 quilos, sendo a Páscoa o momento mais importante do ano para o setor. «Entre os brasileiros, 63% possuem o hábito de presentear com chocolates nesta data», revelou Fonseca, com base em uma pesquisa encomendada pela ABICAB ao Ibope. A produção de chocolate cresceu 13% no último ano, segundo a associação.
«Acredito muito no Brasil, na nossa cadeia de produção e principalmente no estado do Pará, que tem encarado a cacauicultura com muita seriedade. O cacau tem uma demanda positiva no mundo inteiro e quanto mais consumirmos chocolate, mais cacau produziremos. Estamos ligados nessa cadeia e com certeza vocês têm na mão uma grande atividade econômica», concluiu Fonseca para a plateia repleta de produtores.
O Fórum contou ainda com painéis sobre o uso de híbridos e clones na expansão da cacauicultura, a importância da Indicação Geográfica (IG) na produção e as oportunidades criadas pelo mercado de chocolate Bean to Bar.
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