Cacau, Notícia

Terruá Tuerê coleciona prêmios e ganha o mercado de chocolates artesanais

Com uma das 50 melhores amêndoas de cacau do mundo, o assentamento Tuerê soma 18 medalhas nacionais e internacionais e é fonte de matéria-prima para chocolaterias no Brasil e de outros países

Em 2021, o cacau do Tuerê se consolidou entre as 50 melhores amêndoas do mundo. Foto: Fundação Solidaridad

Já são 18 prêmios, nacionais e internacionais. Oito medalhas de ouro, seis de prata e quatro de bronze, sejam para as amêndoas ou as barras de chocolate gourmet feitas com elas. Isso sem falar nas seis amêndoas que ficaram como finalistas de concursos, as três participações no Salão do Chocolate de Paris – o grande evento global do setor – e duas homenagens em eventos. O Programa Amazônia, iniciativa da Fundação Solidaridad junto a famílias produtoras do assentamento Tuerê, em Novo Repartimento (PA), acontece há quase sete anos, e o objetivo sempre foi promover a agricultura de baixo carbono e o incremento de renda. No entanto, a aposta num trabalho de assistência técnica de qualidade e personalizada superou as expectativas. Ao ostentar uma das 50 melhores amêndoas do mundo, hoje o Terruá Tuerê faz história na cadeia produtiva global de cacau fino e chocolates bean to bar.

As conquistas mais recentes aconteceram em junho e julho, durante três premiações internacionais para chocolates: a barra “Amazônia Tuerê 70%”, produzida pela fábrica francesa La Brigaderie de Paris, levou a medalha de prata no International Chocolate Awards 2021-22. Já no Academy of Chocolate Awards, do Reino Unido, o Tuerê consagrou três medalhas: ouro para a barra “Malted Milk Chocolate” da Odle Chocolate Maker e bronze para os chocolates «Amazônia 85%», da Mission Chocolate, e “Terruá Tuerê 72%”, da chocolateria Nicolas Chocolate do Belga. A última barra também levou a medalha de prata no concurso Belgium Chocolate Awards 2022, na Bélgica, país conhecido por suas técnicas avançadas de produção e aprimoramento do chocolate.

Desde 2018, nove nomes de produtores e produtoras já representaram em eventos e concursos o coletivo de centenas de famílias do Tuerê: Chiquinho, Francisco Cruz, João Evangelista, João Rios, José Antônio de Oliveira, Rosilene, Valdomiro Broechl, Willian Broechl e Zezinho (veja a lista completa dos prêmios e reconhecimentos abaixo).

Atualmente, o cacau fino do Tuerê é comercializado pela Cooperativa dos Produtores de Cacau e Desenvolvimento Agrícola da Amazônia (Coopercau) e tem na sua lista de clientes diversas chocolaterias artesanais, como a pioneira Casa Lasevicius, que esteve com a Solidaridad desde as primeiras colheitas, bem como outras marcas como Mission Chocolate, Priscyla França Chocolates, Monjolo Chocolate Bar, Odle Chocolate Maker, Java Chocolates, Kulih Cacao, Argonay Chocolate Consciente, entre outras. Os chocolates bean to bar são feitos a partir da amêndoa integral do cacau até a barra, sem segmentação de processos nem aditivos artificiais.

Para produzir essas amêndoas especiais, com preço até quatro vezes mais alto que o do tipo “bulk”, comercializado como commodity, as famílias produtoras recebem apoio técnico da Fundação Solidaridad para capacitação em secagem e fermentação da forma requerida pelo mercado. Além de obterem informação sobre boas práticas agrícolas, ambientais e econômicas, são orientadas para a melhoria de seus canais de comercialização e obtenção de novas oportunidades de negócios.

Os primeiros prêmios chegaram em 2019, durante a Chocolat Amazônia - Festival Internacional do Chocolate e Cacau. Foto: Fundação Solidaridad

CACAU PROMISSOR

Em 2017, durante o Chocolat Amazônia – Festival Internacional do Chocolate e Cacau, em Belém, a qualidade do cacau produzido no Tuerê chamou a atenção de Bruno Lasevicius, sócio e fundador da chocolateria artesanal Casa Lasevicius. Plantado em Sistemas Agroflorestais (SAFs), o cacaueiro é cercado por bananeiras, árvores nativas de médio e grande portes para sombreamento e o plantio de culturas anuais como a mandioca. Bruno se dispôs a avaliar a qualidade de lotes de amostras de amêndoas produzidas com o apoio da Solidaridad.

Segundo o Gerente de Programas de Cacau e Pecuária da Fundação Solidaridad, Paulo Lima, os produtores compraram a ideia de produzir cacau com qualidade, e os técnicos passaram a concentrar esforços no aprimoramento da tecnologia de beneficiamento primário – fermentação e secagem – que, se bem feito, permite que os atributos gustativos naturais do cacau permaneçam.

PRIMEIRO CHOCOLATE

Dessa experiência resultou, em 2018, no primeiro chocolate artesanal produzido com cacau do Tuerê. No ano seguinte, incentivada por Bruno Lasevicius, a inscrição de amostras na Chocolat Amazônia 2019 resultou em cinco prêmios, atraindo a atenção de chocolateiros de todo o país. “Foi quando descobrimos que o Tuerê era um novo e promissor terruá de cacaus finos do Brasil”, destaca Paulo.

Para ele, as premiações trazem empoderamento para os agricultores e as agricultoras, que enxergam reconhecimento e valorização do seu trabalho. Com a chegada de medalhas e troféus, houve maior engajamento de famílias produtoras e, consequentemente, maior adesão às boas práticas nas propriedades. “Dessa forma, o mercado bean to bar se tornou um incentivador da agricultura familiar sob princípios sustentáveis no assentamento”, comenta.

A Casa Lasevicius foi a primeira fábrica a produzir chocolates e acreditar no potencial do cacau do Tuerê. Foto: Fundação Solidaridad

APOIO E PROJETOS

Em execução desde 2015, o Programa Amazônia já teve o apoio financeiro do Governo do Reino dos Países Baixos, da Good Energies Foundation e da Agência Norueguesa de Cooperação para o Desenvolvimento (Norad), por meio da Iniciativa Internacional Norueguesa de Clima e Florestas (NICFI). Em 2021, entrou em nova fase com o projeto RestaurAmazônia: em parceria com o Fundo JBS pela Amazônia e a Elanco Foundation, a iniciativa ganhou escala e atenderá 1,5 mil famílias produtoras até 2026.

Além disso, a Solidaridad é a organização responsável por implementar o projeto regional Amazônia Connect, que apoia uma agricultura de baixo carbono e livre de desmatamento no Brasil, Colômbia e Peru. A iniciativa é conduzida em parceria com a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), o Earth Innovation Institute, a National Wildlife Federation e a University of Wisconsin Madison.

VEJA A LISTA DE PRÊMIOS DO TERRUÁ TUERÊ:

SALDO GERAL

  • 18 prêmios (8 medalhas de ouro, 6 de prata e 4 de bronze)
  • 4 concursos nacionais
  • 6 concursos internacionais
  • 16 reconhecimentos por chocolates
  • 9 reconhecimentos por amêndoas
  • 6 finalistas de concursos
  • 2 homenagens
  • 3 participações no Salão do Chocolate de Paris

ORDEM CRONOLÓGICA

2022

  • Academy of Chocolate Awards (Reino Unido): 

1. Medalha de ouro na categoria Milk Bean To Bar

Chocolate “Malted Milk Chocolate” da Odle Chocolate Maker produzido com amêndoas do produtor João Evangelista

2. Medalha de bronze na categoria Dark Bean To Bar (Under 90%)

Chocolate “Terruá Tuerê 72%” do Nicolas Chocolate do Belga produzido com amêndoas do produtor João Evangelista

3. Medalha de bronze na categoria Dark Bean To Bar (Under 90%)

Chocolate “Amazônia 85%” da Mission Chocolate produzido com amêndoas do produtor Valdemiro Broechl 

  • Belgium Chocolate Awards (Bélgica): medalha de prata

Chocolate “Terruá Tuerê 72%” do Nicolas Chocolate do Belga produzido com amêndoas do produtor João Evangelista

  • International Chocolate Awards (Global): medalha de prata

Chocolate “Amazônia Tuerê 70%” da La Brigaderie de Paris produzido com amêndoas do produtor João Evangelista

2021

  • Chocolate Alliance Awards, do Northwest Chocolate Festival (EUA): medalha de ouro na categoria Made at origin 

Chocolate “Intenso 70% cacau” da Monjolo Chocolate Bar produzido com amêndoas do produtor Francisco Cruz

  • Prêmio CNA Brasil Artesanal (Nacional): medalha de ouro

Chocolate “70% cacau” da Priscyla França Chocolates produzido com amêndoas do produtor Francisco Cruz

  • Academy of Chocolate Awards (Reino Unido): medalha de ouro

Chocolate “Two Rivers” da Mission Chocolate produzido com amêndoas do produtor Valdemiro Broechl 

  • Cocoa of Excellence (Global): 

1. Cacau do produtor João Evangelista entre as 50 melhores amêndoas do mundo

2. Medalha de prata na América do Sul para a amêndoa do produtor João Evangelista

3. Amêndoas entre as oito melhores do Brasil: produtores João Evangelista, João Rios e Valdemiro Broechl

  • III Concurso Nacional de Qualidade de Cacau Especial do Brasil – Sustentabilidade e Qualidade (Nacional): 

1. Medalha de prata para a amêndoa produtor João Rios na categoria Blend 

2. Amêndoas entre as 22 finalistas: produtores João Rios, José Antônio de Oliveira, Valdemiro Broechl e Willian Broechl

3. Homenageados por suas conquistas: produtores Francisco Cruz e João Evangelista

2020

  • Prêmio Bean to Bar Brasil (Nacional): 

1. Medalha de ouro na categoria Chocolates Intensos

Chocolate “70% Amazônia” da Mission Chocolate produzido com as amêndoas do produtor Valdemiro Broechl

2. Medalha de ouro na categoria Escolha do público

Chocolate “70% Amazônia” da Mission Chocolate produzido com as amêndoas do produtor Valdemiro Broechl

  • Chocolate Alliance Awards, do Northwest Chocolate Festival (EUA): Medalha de bronze

Chocolate “Com inclusão de cupuaçu escuro 68%” da Casa Lasevicius produzido com as amêndoas do produtor Valdemiro Broechl

2019

  • Concurso Chocolate de Origem da Amazônia, do Festival Chocolat Amazônia (Nacional):

1. Medalha de ouro na categoria Chocolate Intenso

Chocolate “70% Cacau” da Casa Lasevicius produzido com as amêndoas do produtor Chiquinho 

2. Medalha de ouro na categoria Chocolate ao leite

Chocolate “50% Cacau” da Casa Lasevicius produzido com as amêndoas do produtor Valdemiro Broechl

3. Medalha de prata na categoria Chocolate Intenso

Chocolate “70% Cacau” da Casa Lasevicius produzido com as amêndoas do produtor Valdemiro Broechl

4. Medalha de prata na categoria Chocolate ao leite

Chocolate “50% Cacau” da Casa Lasevicius produzido com as amêndoas do produtora Rosilene

5. Medalha de bronze na categoria Chocolate Intenso

Chocolate “70% Cacau” da Casa Lasevicius produzido com as amêndoas do produtora Rosilene

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