O Terruá Tuerê garante mais uma conquista durante o Chocolat Amazônia 2022 – VII Festival Internacional do Chocolate e Cacau em Belém (PA): Apoiados pela Fundação Solidaridad, produtores de cacau do assentamento Tuerê, em Novo Repartimento, no Pará, levaram para casa cinco medalhas do II Concurso Chocolates de Origem da Amazônia, promovido pelo Festival. Foram duas de ouro, duas de prata e uma de bronze, que fizeram subir para 27 o número de prêmios para amêndoas e chocolates com o cacau do Terruá. A disputa contou com a participação de 12 chocolaterias e 34 amostras de chocolates, e a cada anúncio de mais uma premiação, a comitiva de produtores, produtoras e técnicos da Transamazônica vibrava e ecoava o grito de guerra «ê, ê, ê, é o Tuerê!» com emoção, partilhando a alegria de uma vitória coletiva.
Os agricultores venceram nas categorias «Produto Inovação Amazônia Intenso», conquistando as medalhas de ouro (barra Chocolate Intenso Fino 68% Cacau com Jambu da chocolateria Nayah Sabores da Amazônia, com amêndoas do produtor João Evangelista em parceria com a Cooperativa dos Produtores de Cacau e Desenvolvimento Agrícola da Amazônia – Coopercau) e de prata (João Evangelista Fermentado com Genipapo da Casa Lasevicius, com o cacau de Evangelista); «Produto Inovação Amazônia», com a medalha de ouro (Tchai da Amazônia – Especiarias Amazônicas da Casa Lasevicius, com amêndoas de João Evangelista), e «Chocolate Intenso Amazônia», levando as medalhas de prata (Terruá Tuerê Valdemiro Broechl 72% do Nicolas Chocolate do Belga, com o cacau produzido por Valdemiro Broechl) e de bronze (Intenso 70% Cacau Tuerê da Monjolo Chocolate Bar, com amêndoas de Evangelista).
Dos cinco prêmios da noite, o produtor João Evangelista, de 58 anos, levou três: uma medalha de ouro, uma de prata e uma de bronze. «Para mim, é uma grande alegria receber mais esses prêmios. Eles são frutos de um trabalho que está dando certo, com as parcerias que a gente tem. Eu ganho prêmio, mas eu gosto de dizer que eu não ganho sozinho. É um reconhecimento para todos nós da região. Todo mundo, mais cedo ou mais tarde, será capaz de estar nesse lugar também», comentou ele, cujo trabalho na lavoura de cacau é compartilhado com a esposa Maria Josélia Santos Lopes, de 55 anos. Com as três medalhas, o casal que ostenta uma das 50 melhores amêndoas do mundo coleciona sete premiações.
Os frutos de um trabalho de mais de duas décadas com o cacau começaram a aparecer de forma mais expressiva há cerca de quatros anos, quando passou a receber assistência técnica gratuita e informações sobre a importância da preservação ambiental por parte da Fundação.
Eu só tenho a agradecer à Solidaridad, pois foram eles que me colocaram nessa estrada. Os técnicos são bem eficientes e ajudam direta e indiretamente os produtores que fazem parte da agricultura familiar. A gente acreditou no trabalho deles quando chegaram na região e só teve que ter coragem. Por isso, digo mais uma vez ‘muito obrigado’”, contou, emocionado.
APROVAÇÃO DO PÚBLICO
As barrinhas coloridas de chocolate do Terruá Tuerê, produzidas em parceria com a Casa Lasevicius e outras chocolaterias, chamaram a atenção dos visitantes e renderam elogios à qualidade dos produtos. “Tudo maravilhoso, um melhor do que o outro», afirmou a professora Elissandra Pantoja, de 37 anos, que estava acompanhada dos dois filhos. O sucesso foi tanto que o também premiado cacauicultor Francisco Cruz comentou que o chocolate produzido por ele foi rapidamente vendido nos estandes da feira. Ele aproveitou para dar um recado aos produtores que estão começando agora: «Primeiramente, é acreditar e abraçar a causa. Depois, é preciso receber bem quem está prestando assistência técnica. Nós produtores já trabalhamos com qualidade, mas falta ter uma melhoria, e essa melhoria os técnicos da Solidaridad vão trazer para a gente», destacou.
Técnico de campo da Solidaridad, Danilon Chaves destacou o efeito positivo na participação dos produtores em eventos como o Chocolat Amazônia. “Eles passam a ter uma visão geral sobre a cadeia do cacau. E percebemos o quanto ficam motivados para desenvolver cada vez mais e melhor o trabalho que eles fazem». Ele ainda mencionou a importância da transferência de conhecimento feita pelos técnicos em cada propriedade rural.
Chegamos com muito cuidado, orientando da melhor forma possível, e a gente vê como nosso trabalho abre a mente deles. Coisas que eles não sabiam, não viam, não tinham conhecimento. E quando você vê o produtor mudando a forma de trabalho, é muito gratificante”, disse.
LANÇAMENTO DE ESTUDOS
A Solidaridad esteve presente na quinta edição do Fórum Anual do Cacau, que aconteceu como atividade paralela ao festival. No dia 23, o Gerente de Cacau e Pecuária, Paulo Lima, lançou o estudo O vazio da ATER: Caminhos para a inclusão socioeconômica e ambiental da agricultura familiar. Ele destacou o impacto da Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) na vida das famílias produtoras. «Empoderadas, elas tomam decisões, incrementam produtividade e renda e passam a ter dignidade. E com dignidade, elas estão dispostas a reduzir o desmatamento e preservar a floresta», disse. Além disso, o Fórum foi palco para o lançamento do Boletim Técnico Cacau Fértil, produzido em parceria com a Cargill e que aborda os efeitos da nutrição de cacaueiros com fertilizante mineral para o desempenho agroeconômico em propriedades familiares na Transamazônica.
No dia 24, a Fundação Solidaridad participou do lançamento da Plataforma Territórios Sustentáveis. Criada pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado do Pará e por diversas organizações, a plataforma será um espaço de articulação que propiciará uma gestão integrada de projetos. “Trata-se de uma ferramenta fundamental para darmos escala a iniciativas de sustentabilidade e alcançarmos um modelo de agricultura de baixo carbono na Amazônia, seja em pequenas ou grandes propriedades. E com uma maior celeridade na regularização ambiental, as famílias produtoras poderão ter acesso a mais oportunidades e um futuro próspero», ressaltou a Gerente de Meio Ambiente e Qualidade da Solidaridad, Mariana Pereira. A The Nature Conservancy (TNC) Brasil é responsável por sua Secretaria Executiva.
Em execução desde 2015, o Programa Amazônia da Fundação Solidaridad já teve o apoio financeiro do Governo do Reino dos Países Baixos, da Good Energies Foundation e da Agência Norueguesa de Cooperação para o Desenvolvimento (Norad), por meio da Iniciativa Internacional Norueguesa de Clima e Florestas (NICFI). Em 2021, entrou em nova fase com o projeto RestaurAmazônia: em parceria com o Fundo JBS pela Amazônia e a Elanco Foundation, a iniciativa ganhou escala e atenderá 1,5 mil famílias produtoras até 2026.
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