
A sustentabilidade foi uma das pautas da 46ª Semana da Citricultura, realizada durante o maior evento voltado para o setor na América Latina – a Expocitros, que neste ano completa 50 anos. Os participantes puderam conhecer o projeto Fruto Resiliente: fortalecendo a produção sustentável de laranja, desenvolvido pela Fundação Solidaridad que apoia gratuitamente pequenas e pequenos agricultores do Cinturão Citrícola Brasileiro por meio de assistência técnica, incentivando a adoção de boas práticas produtivas, ambientais e sociais.
A iniciativa foi apresentada pelo Gerente do Programa de Laranja, Guilherme Ortega, que trouxe em sua fala o contexto, o foco de atuação e os resultados alcançados pelo Fruto Resiliente em cinco anos. Desde o início, o projeto teve como público-alvo os pequenos citricultores, que representam 80% do cinturão citrícola e estavam saindo do setor devido às dificuldades com o cultivo, agravadas pela falta de informação.

Os pequenos sempre foram o foco do nosso trabalho. Quando começamos, entendemos que a assistência técnica era fundamental para ganhar a confiança deles e levar informação de forma mais acessível. Há alguns anos, realizamos uma pesquisa que revelou que 58% dos produtores atendidos pelo projeto nunca tinham recebido assistência técnica focada na citricultura ou que abordasse questões sociais, ambientais e práticas mais sustentáveis no campo”, explicou Guilherme.
Hoje, quase 500 citricultoras e citricultores recebem assistência técnica individualizada e gratuita, sendo que 90% consideram o setor da laranja um bom negócio. Desde 2019, mais de 3,6 mil práticas foram ajustadas no campo, gerando impactos positivos para produtores e trabalhadores rurais. A implementação de melhorias tornou os pomares mais eficientes, sustentáveis e seguros para seus colaboradores.
O projeto tem outro diferencial: a pré-competitividade. Os produtores recebem apoio independentemente da cadeia de fornecimento que integram, possibilitando que diferentes empresas do setor citrícola possam investir na promoção de ações que fomentem a sustentabilidade, impactando positivamente todo o segmento.

Os produtores estão satisfeitos, assim como os parceiros que investem na iniciativa há seis anos. O projeto é conhecido hoje como uma referência em sustentabilidade na citricultura, tanto que há dois anos a Solidaridad foi agraciada com o prêmio Centro de Citricultura Sylvio Moreira. Só é possível enfrentar os desafios unindo forças para tornar o setor mais próspero e seguro, além de aumentar o fornecimento contínuo de laranja para o mercado. Sempre temos que encontrar uma situação de valor compartilhado, unindo as necessidades do consumidor, da indústria e do pequeno produtor. Assim, desenvolvemos caminhos que trazem mudança e que conseguem transformar a produção brasileira de laranja”, contextualizou Rodrigo Castro, Diretor de País da Fundação Solidaridad.

A sustentabilidade é um critério importante para quem produz, mas também para quem compra. Mais da metade do suco de laranja produzido no Brasil vai para o mercado europeu, conhecido por sua preocupação com a origem dos produtos consumidos. Fernando Alvez de Azevedo, Pesquisador Científico do Centro de Citricultura Sylvio Moreira, comenta sobre os efeitos disso em toda a cadeia:

É perceptível que o consumidor exige que o sistema produtivo seja mais sustentável. Isso pressiona as empresas produtoras de suco que, por sua vez, pressionam os citricultores. Não é uma questão imposta, mas a sustentabilidade é pautada cada vez mais no setor privado e em eventos. Isso incentiva os agricultores a trabalharem questões como a organização da governança dos lucros, a preservação ambiental dentro da propriedade e os direitos trabalhistas. Quando tudo está bem organizado, toda a cadeia produtiva se beneficia.”