O Oeste da Bahia tem um papel importante no cultivo nacional de soja: mais de 7,4 milhões de toneladas do grão foram produzidas na região durante a safra 2023/2024, segundo dados da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA). Dado o seu impacto e influência no setor, a Fundação Solidaridad vem fomentando, há mais de dez anos, boas práticas agrícolas em parceria com sojicultores do estado. “Os produtores do Oeste da Bahia, juntamente com instituições como a Fundação Solidaridad, têm trabalhado em busca dos pilares de sustentabilidade. Quando se trata de refazer reservas legais e manejos que possibilitem armazenar mais água e melhorar a saúde do solo, a orientação que a Solidaridad nos oferece ajuda em diversos aspectos”, conta Carminha Missio, Vice-Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (FAEB).
A adesão a práticas voltadas à sustentabilidade das lavouras tem sido cada vez mais recorrente devido aos benefícios diretos que proporciona às famílias agricultoras, como maior rentabilidade e resiliência da produção. Eduardo Manjabosco, produtor da Fazenda Triunfo, ilustra a realidade da região. “Cuidamos do meio ambiente, e o solo saudável, que sequestra carbono, é nossa riqueza. Essa é uma evolução visível aqui”, diz.
Entre os métodos de cultivo adotados está o Sistema de Plantio Direto (SPD), que consiste em três princípios: a não perturbação do solo, a manutenção permanente de sua cobertura e a rotação e diversificação de culturas. O método é tema do Encontro Nacional do Sistema Plantio Direto, que teve sua 19ª edição realizada entre 9 e 11 de julho, na cidade de Luís Eduardo Magalhães (BA).
O SPD já demonstra grande potencial e será o nosso futuro na proteção do solo. O Oeste da Bahia é uma das regiões que mais usa tecnologia visando a sustentabilidade. Nossos agricultores entendem que ela é importante para diminuir custos, aumentar o rendimento e aproveitar da melhor forma os recursos naturais que temos, pois não há como dar continuidade a qualquer negócio se houver a destruição ou o uso inadequado do que a natureza nos oferece”, explica Greice Kelli Fontana, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães (SPRLEM).
O comprometimento dos sojicultores com a adoção de boas práticas pode ser notado nas novas gerações. A sucessão familiar – fator crítico para o desenvolvimento de produções agrícolas – tem se mostrado um solo fértil para inovação, o que propicia maior abertura à sustentabilidade. Fernanda Pradella, de 27 anos, sucessora do grupo de sua família, fala de suas referências e dos processos adotados na propriedade.
Eu tenho grandes exemplos em casa, como a minha mãe que trabalha no negócio e a minha avó que acompanhou desde o início a vinda para a Bahia em busca de novas terras. Hoje, aplicamos o SPD em nossa lavoura, o que permite uma redução no consumo de óleo diesel por não revolvermos o solo. Além disso, utilizamos defensivos biológicos, para que a própria natureza nos ajude no combate de pragas, e usamos plantas de cobertura que protegem o solo e ajudam na ciclagem de nutrientes”, comenta.
Devido à maior retenção de carbono, solos manejados em SPD tem melhores características químicas, físicas e biológicas, o que aumenta a eficiência de uso dos nutrientes pelas plantas. Isso também se torna um fator crucial na contribuição da agricultura para o combate às mudanças climáticas, já que solos degradados passam a emitir carbono.
CALCULADORA DE CARBONO
Para que produtoras e produtores possam conferir suas emissões e gerir a propriedade com mais informação, a Fundação Solidaridad desenvolveu, em parceria com a AIBA, uma calculadora para estimar o balanço de carbono em diferentes usos da terra e manejos agrícolas.
Precisamos saber o que acontece em nossa lavoura, o quanto ela sequestra ou emite de carbono. Com os equipamentos que temos, foi possível fazer as medições em conjunto com a Solidaridad, o que trouxe vantagens ao agricultor. E isso é o mais importante”, afirma Odacil Ranzi, Presidente da AIBA.
O foco do Programa Soja executado pela Fundação Solidaridad é promover uma produção mais sustentável e de baixo carbono. Suas ações incluem a intensificação do uso de áreas de pastagens degradadas, a disseminação de práticas regenerativas, a medição de estimativas do balanço de carbono, a promoção da expansão responsável, o estímulo ao acesso a linhas de crédito rural sustentáveis e o fomento a sistemas integrados e à equidade de gênero.