Notícia, Soja

Parceria com a GIZ expande atuação da Solidaridad no Maranhão

Com o objetivo de ampliar o trabalho de práticas sustentáveis para a cadeia da soja, a Fundação Solidaridad inaugura uma Unidade Demonstrativa na região de Balsas e propõe um trabalho em diálogo direto com produtores rurais

A produtora Claudia Sulzbach, da fazenda Laruna Agrícola (de verde, no centro da foto), abriu as portas de sua propriedade para a inauguração da Unidade Demonstrativa, onde serão implementadas práticas agrícolas de baixo carbono. Foto: Laruna Agrícola

Para promover o engajamento de produtoras e produtores de soja na região de Balsas (MA), a Fundação Solidaridad dá novo passo no projeto Paisagens de baixo carbono no Maranhão, desta vez em parceria com a produtora rural Claudia Sulzbach, que abriu as portas da fazenda Laruna Agrícola para a instalação da Unidade Demonstrativa (UD). Durante o evento, no dia 10 de novembro, a equipe técnica da Fundação Solidaridad compartilhou seu conhecimento sobre a importância das práticas agrícolas conservacionistas, que melhoram a qualidade do solo e o sequestro de carbono, bem como aumentam a resiliência climática e a produtividade das lavouras. Além disso, foi distribuída a cartilha Boas práticas agrícolas climaticamente eficientes às cerca de 70 pessoas presentes.

Com a UD, será possível estimar a viabilidade econômica e técnica de uma produção de baixo carbono. Nela serão cultivadas plantas de cobertura para proteger o solo como braquiária, milheto, sorgo e estilosantes, produzindo a palhada para a adoção do Sistema de Plantio Direto (SPD) em uma área de 15 hectares onde era pasto abandonado. A formação de palhada incorpora matéria orgânica no solo, permitindo maior sequestro de carbono e a redução do uso de adubos nitrogenados. Dessa forma, contribui com uma menor emissão de carbono para a atmosfera , favorecendo o  balanço de carbono  no sistema.

Em outra área com irrigação e rotação de culturas entre soja e milho, as sementes de milho serão tratadas com Azospirillum, uma bactéria que realiza a fixação biológica de nitrogênio e permitirá a redução dos adubos nitrogenados em cobertura. A intenção de Claudia é consolidar a propriedade como um exemplo de sustentabilidade para a região e demonstrar que é possível produzir com rentabilidade sem avançar em áreas de vegetação nativa.

Eu assumi duas metas: a primeira é fazer a fazenda produzir de forma sustentável. Eu não penso em ampliar a área, eu quero fazer essa área produzir mais de forma sustentável e com os manejos corretos. O apoio da Fundação Solidaridad será um divisor de águas, porque focaremos em toda a questão das emissões de baixo carbono. A minha segunda meta é abrir a fazenda para a sociedade. Interagir com as pessoas e estar sempre com as porteiras abertas para os estudantes”, comentou ela.

O evento reuniu cerca de 70 pessoas, incluindo produtoras e produtores, estudantes, representantes de empresas, profissionais do setor e de instituições financeiras. Foto: Fundação Solidaridad

No evento, a força das mulheres no agro esteve em evidência, com uma plateia majoritariamente feminina. A Associação “Agro Mulher +” também marcou presença com suas representantes e conduziu uma fala sobre a importância da  equidade de gênero na agropecuária. Além disso, a equipe de soja da Fundação Solidaridad é composta por quatro mulheres especialistas em agricultura e sustentabilidade no campo: a Gerente de Cadeias Produtivas e Estratégias, Paula Freitas, a Coordenadora de Projetos, Natalie Ribeiro, a Especialista de Carbono, Camila Santos, e a Analista de Campo, Joana Araújo.

O projeto da Fundação Solidaridad tem parceria com a GIZ (Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável) e pretende aumentar a sustentabilidade na cadeia da soja, com uma atenção especial para a equidade de gênero. O objetivo é estimular a adoção de práticas agrícolas de baixo carbono e mais resilientes por meio de parcerias com atores públicos e privados locais para uma maior eficiência climática na agricultura. Sabe-se que a mudança no uso da terra e as próprias atividades agrícolas são alguns dos principais setores responsáveis pela emissão de Gases do Efeito Estufa no Brasil. 

O projeto é executado na região de Balsas, Sul do Maranhão,  em continuidade ao trabalho já realizado desde 2018 no Oeste da Bahia. Esta microrregião também faz parte da  fronteira agrícola do Matopiba no bioma Cerrado, composta por cinco municípios: Alto Parnaíba, Balsas, Feira Nova do Maranhão, Riachão e Tasso Fragoso. A produção da soja iniciou na década de 1990 com a migração de sulistas e teve 1,1 mil hectares plantados na safra 2021/2022, um aumento de 11% em relação à safra anterior, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).  O cultivo da soja é considerado um divisor de águas na região, com mudanças no meio ambiente, no modo de vida e na cultura.

Nesse contexto, a agricultura de baixo carbono é uma alternativa eficaz para aumentar a resiliência da produção, minimizar os impactos ambientais e contribuir para a preservação do Cerrado.

É gratificante termos a oportunidade de demonstrar no campo os benefícios das práticas de baixo carbono. Estamos muito felizes em trabalhar com a Cláudia e pela confiança no projeto. Inicialmente planejamos uma área para a UD e conseguimos uma segunda área na parte irrigada para ampliar os testes”, afirma a Gerente de Cadeias Produtivas e Estratégias da Fundação Solidaridad, Paula Freitas.

As mulheres representaram mais da metade do público presente, incluindo representantes da Associação “Agro Mulher +”. Foto: Laruna Agrícola

COCO BABAÇU

Desenvolvido no Nordeste maranhense, na região de Chapadinha (MA), o projeto também abrange o arranjo produtivo do coco babaçu, nativo da região. Ele faz parte de uma atividade familiar rural típica do Maranhão que é liderada pelas mulheres quebradeiras. Por se tratar de uma produção extrativista, é uma cadeia menos estruturada e enfrenta desafios como a baixa adoção de tecnologia e a desvalorização da atividade.

Em razão desse cenário, a iniciativa visa profissionalizar as mulheres por meio da adoção de soluções digitais, com o intuito de auxiliá-las na gestão e no escoamento da produção. Além disso, o uso da tecnologia é capaz de atrair jovens para a atividade produtiva, aumentando a renda no campo e evitando o êxodo rural.

SOBRE A GIZ

A GIZ – Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável) é uma empresa federal alemã para cooperação técnica que atua no Brasil na promoção do desenvolvimento sustentável há quase 60 anos. O foco do  trabalho da GIZ no Brasil são as energias renováveis e a eficiência energética, a proteção e o uso sustentável das florestas tropicais, além de temas como formação técnica, transformação urbana e oportunidades de financiamento para investimentos em prol do clima.

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